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sexta-feira, 18 de julho de 2014

{silêncio}

Há dias em que, mesmo o poeta, prefere se calar.
O silêncio não precisa ser absoluto.
Sua relatividade pode ser dizer algo, algumas vezes muito, sem informar absolutamente nada.

EsColhas

Tropecei.
Caí.
Foi então que percebi todas as infinitas possibilidades que a vida me oferecia.
Eu poderia ter ficado ali, no chão, ter deixado que o sangue fluísse pela sarjeta, jorrando de modo dramático e insano.
Até seria possível relatar, a quem por ventura passasse, todas as minhas desventuras e sensações.
Não poderia, no entanto, fazer coisa alguma.
Levantei, retirei o pó, procurei uma torneira para lavar os ferimentos.
Olhei para o horizonte, constatei que era um lindo dia.
Segui em frente, para novas possibilidades.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Dia do Homem, quando tantos nem o são

Um brinde à masculinidade oculta sobre as propagandas.
Ao medo de chorar em público.
Às restrições psicopatas em público.
Um viva ao tapa que preenche a relação conjugal.
Aos gritos para impor autoridade.
Aos atos que manifestam superioridade.
Quanto ainda tem que ser dito, feito e mudado?
Os verdadeiros valores estão há muito corrompidos.

Evolução

Os pudores ficaram na relva, molhados do orvalho.
Os horrores moldaram à mobília, preencheram às telas.
As verdades foram trancadas, em velhos baús de enxoval, portando peças amareladas do tempo.
As máscaras, nunca retiradas, foram soldadas às faces desonestas.

Degradê

No começo não passava de um vazio.
A ausência foi bordando às beiras da existência.
E então o silêncio tornou-se gritante.
A expressão tornou-se oculta.
As palavras perderam o significado.
O sol não mais se pôs, tampouco nasceu.
E ninguém mais se lembrava do que era antes, porque o antes não mais existia.
E, assim, perdeu-se o pouco que tinha: a identidade.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vislumbre

Foi então que, naquele momento, percebi que compreendera o maior segredo do mundo: não há segredos, apenas verdades parciais e incompletas.

Biografia de um (quase) vivente

É certo que eu poderia provar de muitos sabores.
Mas meu paladar me obriga a reinventar.
Quisera viver - da vida - uma doce e misteriosa aventura.
Mas não me cabe tamanho atrevimento.
Deixo para os outros o inseguro, prefiro o espaço das reticências.